domingo, 2 de novembro de 2008

Histórias I (aquilo que os meus olhos vêem e mais um pouco, a vida dentro de outra pessoa)

O autocarro pára, tempo para um último beijo antes que os nossos caminhos se separarem por algumas horas.
Naquele dia, ainda voltas-te atrás, para mais um beijo, carregado já de saudade, saudade acumulada durante os escassos 3 segundos afastados.
A porta fecha-se e eu fico a ver-te pela janela, o teu passo é acelerado, quase podia jurar que corrias.
Duas paragens á frente e saio eu, percorro aquela rua cheia de pessoas, cheia de carros cheia de barulhos e de cheiros, tudo tão familiar. Algo a que me vinha habituando desde algumas semanas atrás.
Depois de umas dezenas de passos chego finalmente ao que me afasta de ti durante aquelas oito horas diárias.
O elevador parece lento hoje, demoro o que parece uma eternidade a chegar lá acima, áquela sala sempre repleta de pessoas.
Escolho uma cadeira virada para a janela, sento-me, e durante aqueles 480 minutos faço o meu trabalho, sem parar sequer para pensar o que estás a fazer, ou se estás a pensar em mim. Só quero que aquelas horas passem depressa, porque sei que quando sair vais estar em casa á minha espera.
Mais uma vez entro no autocarro, desta vez no sentido contrário. Passo por onde te tinha deixado antes, mas não estás.
Mais uns minutos e chego á minha paragem, desco, caminho até casa a passos largos, tão rápido quanto sou capaz, a saudade asfixia-me, e finalmente chego ao meu destino.
Abro a porta, subo a escadas...páro, só nos separa um porta, só mais uma porta, quase consigo ouvir a tua respiração, pego nas chaves, enfio-as na ranhura e finalmente...ali estás tu, sentado no sofá.
Entro, tiro a mala, tiro o casaco, dou-te um beijo, sento-me ao teu lado durante uns minutos, enconsto a cabeça no teu peito...


Isto é quanto basta para preencher o dia de algumas pessoas, pessoas que andam comigo de autocarro, que se cruzam comigo nas ruas, pessoas que eu observo todos os dias, pessoas que me fazem imaginar como serão as suas vidas.
Esta é só umas das muitas histórias que me passam pela cabeça!

0 observações sobre as parvidades que escrevo!: