quarta-feira, 18 de abril de 2007

Um caso de vida ou morte

0 observações sobre as parvidades que escrevo!
Num país onde se comemora todos os anos o 25 de Abril, a extrema-direita ainda tem uma posição bastante vincada na vida politica e social de todos nós. Exemplos disso são atitudes como a do Partido Nacional Renovador (PNR).
Depois de correr tanta tinta, por causa dos outdoors do PNR e dos Gato, eu não podia deixar de me juntar á festa.
Gostava de fazer uma perguntinha aos senhores do PNR, Quem é que construiu as casas onde vivem?
Tenho pena de dizer isto, mas o Português, não quer um trabalho, quer um emprego, de preferência, um emprego bastante bem pago, e onde possa passar o dia inteiro a coçar a micose (desculpem a grosseria), é então que aparece o Emigrante, ele vem para Portugal fazer aquilo que o Português não quer fazer.
Não estou a criticar ninguém, atenção! Como boa portuguesa que sou, também não vou ficar contente com um emprego nas caixas do Modelo, quando posso arranjar outro emprego.
A verdade e que os Emigrantes nos fazem falta, e já nem sabemos viver sem eles!

Nana

terça-feira, 10 de abril de 2007

A pedido de muitas famílias, Capitulo I – Continuação

0 observações sobre as parvidades que escrevo!
Ao outro dia, quando a Ana acordou, sentia-se como se um camião lhe tivesse passado por cima. Tinha uma dor tão forte no coração que só lhe apetecia morrer, afinal aquele amor de tantos anos tinha conhecido o seu derradeiro final.
Ao longo de anos, a Ana não perdeu a esperança de conquistar o amor do Mário, mas a noite passada tinha apagado todas as ilusões que ela tinha em relação a isso, e tinha dado lugar á dor, á dor insuportável.
Mas a vida continuava e também ela tinha que fazer um esforço e continuar, sem duvida era necessário continuar, e então, de repente, com uma força vinda das profundezas do seu ser, levantou-se para ir trabalhar.
Tomou o pequeno-almoço, tomou banho, vestiu-se, e estava pronta para sair quando alguém tocou á sua campainha. Surpreendida lá abriu a porta e surpreendeu-se ainda mais quando percebeu que era o Mário quem tinha tocado.
- Bolas, eu já ia sair, não era preciso teres tocado. Mas o que é que se passa, nem sequer estamos atrasados e o Daniel também ainda não saiu. – Disse a Ana de imediato.
- O Daniel já foi para a empresa. Eu disse para ele ir sem nos, porque queria falar contigo a sós…
- Está bem mas falamos depois, agora temos que ir trabalhar. – Interrompeu-o a Ana.
- Era o que eu ia explicar se não me tivesses interrompido. Eu telefonei para a empresa e disse que nos os dois não íamos de manhã. – Concluiu o Mário.
- Fizeste o que? Eu não acredito, não sei se já reparas-te, mas eu levantei-me cedo para ir trabalhar porque só por acaso o dinheiro não cai do céu e eu preciso de trabalhar para comer, para pagar a prestação da casa e por ai fora. Por isso o que quer que tenhas para falar comigo pode esperar até logo á noite quando eu não tiver que trabalhar. – E dirigiu-se para a porta dizendo ainda – Quando saíres fecha a porta está bem.
Mas o Mário agarrou-lhe o braço e disse:
- Ana por favor, desde que começamos a trabalhar nem tu nem eu tivemos um dia de férias, por isso, não vai ser só por uma manhã que o gato vai ás filhós. Vai para a sala e senta-te que eu vou fazer um chá e buscar umas bolachas para nós. Não digas que não por favor. Precisamos mesmo de falar.
Dito isto a Ana lá acedeu e foi sentar-se, ao fim de alguns minutos o Mário juntou-se a ela e começou:
- A noite de ontem foi um pouco estranha, não vou dizer que não sabia o que sentias, mas não estava á espera que o dissesse daquela maneira… – Mas a Ana interrompeu-o
- Á é por causa disso que querias tanto falar comigo. Oh Mário, esquece o que aconteceu ontem á noite, a sério, esquece que eu também já esqueci. Faz de conta que não aconteceu nada. A sério não te moas com isso.
- Mas eu não quero esquecer. – Retorquiu o Mário, para surpresa da Ana.
- Mário, não há stress, amigos como dantes a sério, não estou chateada, nem magoada, nem nada do que se pareça…
-Mas… – Tentou interromper o Mário.
- Espera deixa-me acabar. – Pediu, a Ana. – Tu sabes que uma paixão sem frutos não dura para sempre, e já há muito tempo que o que eu sinto por ti, não tem a mesma intensidade de antes. E ontem á noite…ontem á noite não passou de um teste, só para ver se tu sentias alguma coisa, só para ver se tu alguma vez tinhas sentido o que eu sentia.
- O que tu sentias? Já não sentes nada? – Perguntou o Mário, um pouco triste com aquela revelação.
- Sim Mário, o que eu sentia. Já te disse que uma paixão sem frutos não dura para sempre, e eu esperei tempo demais, por algo impossível. Mas não estou chateada contigo, não posso obrigar ninguém a sentir o que não sente.
- Bem parece que já falaste por ti e por mim, se já não sentes nada não há nada também para dizer. Se quiseres ir trabalhar ainda vais a tempo. – Interveio o Mário, visivelmente chateado.
- E tu? Não vens?
- Não eu vou aproveitar e dar uma volta pela praia.
- Posso ir contigo. – Arriscou a Ana ao ver que o amigo por qualquer motivo não estava muito bem. – Pareces-me esquisito de repente, estás bem?
- Não eu prefiro ir sozinho, e não te preocupes eu estou bem. – Disse ele depois de se levantar e de se dirigir á porta.
A Ana seguiu-o:
- Estás? De certeza? È que não parece, foi alguma coisa que eu disse?
- Sabes que mais, sim foi uma coisa que tu disseste. Ontem disseste que estavas apaixonada por mim, hoje já não estás. Mas tu decides-te ou nem por isso? As pessoas não são um brinquedo, com o qual tu brincas Ana, elas têm sentimentos, e se esperavas dizer-me que estavas apaixonada por mim e achavas que eu ia ficar impávido e sereno estavas enganada. Eu importo-me Ana, eu importo-me contigo. – Disse o Mário, á beira de explodir.
- Mário, eu não digo que tu não te importas comigo, eu sei que sim. Mas também sei que para ti eu não passo de uma amiga. E já que isso, eu, não posso mudar, não vou ficar a cortar os pulsos para sempre. Eu menti-te á pouco, é obvio que estou a sofrer, mas tu não precisavas de saber isso. Não pensei que o facto de não mostrar o que estou a sentir te ofendesse tanto, mas pelos vistos enganei-me, e já que é assim desculpa.
- Estás desculpada. Sabes esse é o teu problema, nunca dizes o que estás verdadeiramente a sentir. – E dizendo isto abriu a porta para sair.
- Vais embora? Não achas que a nossa conversa ainda não terminou? Dizes que eu nunca digo o que estou a sentir, e tu? Dizes?
- Digo.
- Ai sim? E o que é que estás a sentir agora?
- Estou a sentir… - depois de pensar um pouco continuou – estou a sentir-me magoado. Sim acho que é isso, estou magoado.
- Magoado? O que? Comigo? – Perguntou ela perplexa.
- Não Ana com o vizinho do 3º esquerdo. Claro que é contigo.
- Porquê? O que é que eu fiz? – Perguntava a Ana ainda sem acreditar no que estava a ouvir. Realmente não compreendia o que tinha feito para o amigo estar magoado com ela.
- Pensas que podes chegar ao pé de uma pessoa e dizeres-lhe que a amas sem lhe dares hipótese de ela dizer o que sente por ti. Sabes, tu podes amar-me, mas tens medo que eu te ame a ti. Amar é deixar que nos amem a nós também. Sabes porque é que não me disseste que estavas apaixonada mais cedo? Porque tinhas medo que eu sentisse o mesmo. Porque se eu sentisse o mesmo tu não sabias o que fazer, como reagir. Tens a vida toda planeada de uma certa maneira, e qualquer coisa que estrague a seu ciclo normal, tu tentas eliminar, evitar que aconteça. Aliás, acho que só me disseste aquilo porque estavas bêbeda. É por isso que eu estou magoado, porque eu também te amo, porque sempre te amei, mas tu nunca permitis-te que eu entrasse na tua vida. Porque tu sempre evitas-te qualquer manifestação de carinho mais intimo…
Não, isto não estava a acontecer, pensava a Ana. O que é que ela ia fazer agora? Ela nunca esperou ouvir aquilo, e além disso tudo o que ele tinha dito era verdade. Ele estava a ir embora para casa, não podia deixar que isso acontecesse, tinha que dizer qualquer coisa, correu atrás dele, mas não foi a tempo, ele já tinha entrado e fechado a porta atrás de si. Ainda o chamou, mas ele não respondeu. Agora era ele que tinha que ouvir o que ela tinha para dizer. Mas não podia começar aos gritos no meio do corredor. A chave, era isso, claro. Ela tinha uma chave de casa dele. Foi busca-la, enfiou a chave na fechadura, mas deteve-se por momentos. Não, não podia entrar assim em casa do Mário. Não tinha esse direito. Mas por outro lado, precisava tanto de falar com ele. Bateu á porta mais uma vez:
- Mário, preciso falar contigo. Vá lá, por favor abre a porta. Mário…Por favor…Mário…Não vou, sair daqui enquanto não abrires a porta. Algum dia, vais ter que sair. Vou ficar aqui sentada á espera que tu saias para podermos conversar. Bem mas se vais sair para trabalhar deixa-me avisar que eu não vou deixar-te ir sem antes falares comigo.
De facto esperou, esperou várias horas, já era hora de ir trabalhar e ainda estava ali sentada, não tinha almoçado nem nada. O Mário não saia, e ela começava a ficar preocupada. Não era normal. Ele nunca faltava ao trabalho, e não era por causa dela estar ali fora, á espera dele, que ele ia faltar, a Ana sabia-o. Ele estaria bem? Podia ter-lhe acontecido alguma coisa. Decidiu entrar dentro de casa, mesmo sabendo que o Mário não ia gostar daquela invasão.
Procurou-o por toda a parte e nada, e então lembrou-se, a escada de incêndio, claro. Ele tinha descido pela escada de incêndio, para a evitar. Não adiantava esperar que ele voltasse do trabalho, porque ele certamente ia usar outra vez a escada para entrar em casa.
Voltou então para sua casa e telefonou para a empresa a pedir desculpa por ter faltado e sem sequer avisar, disse que não se estava a sentir muito bem, provavelmente estaria doente, aproveitou e tirou o dia seguinte também já que tinha muitos dias de ferias para gozar. Preparou qualquer coisa para comer, tomou um banho e deitou-se em cima da cama. Um turbilhão de pensamentos depressa lhe assolou a mente. Queria resolver o que se tinha acabado de passar, mas não podia obrigar o Mário a ouvir o que ela tinha para dizer.
O tempo passou bem devagar, e quando chegou a hora de o Daniel e o Mário regressarem do trabalho ela foi pôr-se a espreitar pelo ferrolho da porta para ver se vinham os dois juntos. Nas não, o Daniel chegou sozinho. Certamente o Mário teria subido pelas escadas de incêndio. Pelos vistos ele não queria mesmo ouvir o que ela tinha a dizer. Mas já que não queria ouvir, ao menos podia ler. Ia escrever-lhe uma carta e pô-la debaixo da porta.

Como não querias falar comigo, tive que arranjar outra forma de comunicação. Por isso estou a escrever esta carta.
Sabes, tu tens razão em tudo o que disseste, eu tenho medo, tenho medo de deixar que me amem, porque tenho medo de sofrer, sofrer por alguém que não merece o meu amor. Também sei que tu mereces o meu amor, e muito mais. Mas ao contrário do que seria de prever, isso não diminui o meu medo. A coragem nunca foi mesmo o meu forte. Disseste que eu nunca dizia o que estava a sentir, pois vou dizer-te o que estou a sentir agora. Estou triste, muito triste, porque deixei fugir a única pessoa que queria realmente deixar amar-me. Não espero que me desculpes, ou qualquer tipo de compreensão da tua parte. Espero, apenas que continuemos amigos como dantes. Vemo-nos sexta ao jantar. É em tua casa não é? Não sei é se me vais abrir a porta.
Depois de escrever a carta, pegou nas chaves e num casaco, saiu de casa, dobrou a carta, pô-la debaixo da porta de casa do Mário, tocou á campainha, mas não esperou que alguém viesse abrir a porta. Foi embora, desceu as escadas e foi um pouco até á praia, ver as ondas a rebentar, e o barulho que elas faziam acalmavam-nas sempre, ficou ali sentada a noite inteira, e só voltou para casa quando achou que os rapazes já tinham ido para o trabalho. Mas ao subir as escadas, viu que eles ainda estavam á espera dela, aliás o Daniel tinha entrado em casa dela para a procurar. Queria fugir, para que eles não a vissem, mas era tarde demais, eles já tinham visto, e agora o Daniel corria para ela:
- Ana, estás bem? Estava aflito, tu nunca fazes isto.
- Estou, estou bem. – Respondeu com os olhos fixos no Mário. – Só quero ir deitar-me.
- Não vais trabalhar? – Perguntou o Mário, friamente.
- Não. – Retorquiu a Ana com a mesma frieza.
- Onde é que estiveste. – Voltou a perguntar o Mário
- Por ai. – E quando acabou de dizer isto dirigiu-se a casa.
- Se estás á espera que tenhamos pena de ti estás muito enganada. – Disse o Mário
- Não espero isso, aliás, não quero que ninguém tenha pena de mim. Até porque não há motivos para isso. – Entrou em casa e fechou a porta. Aquela frieza da parte do Mário partia-lhe o coração, e assim que ficou sozinha as lágrimas escorregaram pelas suas faces. O bilhete não servira de nada. Era a vida. Não se ia chatear mais por causa disso. Ia dormir, tomar um banho, comer qualquer coisa e depois ia ás compras. Ia comprar roupa, só para mostrar ao Mário que aquela história não a tinha afectado. Ia mostrar-se mais radiosa e feliz que nunca. Estava decidida.
Então assim fez, depois de dormir bastante, tomou um bom banho, comeu e foi para o centro comercial, entrou em montes de lojas, comprou montes de sapatos, roupas, e acessórios também. Chegou a casa, precisamente á hora que eles chegaram do emprego, e o Daniel vendo-a tão carregada, apresou-se a ajudá-la.
- Bem, compras-te o centro comercial inteiro?
- Não, só algumas roupinhas.
- Ui, deve ser, deve. E vens muito bem disposta. Gosto de te ver assim, sim senhor.
- Obrigado.
- Amanhã já vais trabalhar?
- Vou, vou. Ajuda-me aqui a por isto tudo no quarto se faz favor. – Pediu a Ana.
- Ajudo, Mário não entras connosco? – Mas quando se viraram para olhar o Mário já lá não estava. – O que é que se passa com vocês? – Perguntou o Daniel.
- Oh, eu disse-lhe o que sentia e ele disse-me o que sentia, mas não correu bem. Porque ao que parece tenho medo de ser amada…É a vidinha.

Nos dias que se seguiram, a Ana mostrou-se sempre bastante alegre, apesar do Mário, não lhe dirigir quase palavra nenhuma. A verdade é que aquilo estava a destruí-la, mas não queria mostrar isso. Precisava desesperadamente de sair do Algarve, mas tinha de trabalhar, isto ia ser muito complicado, ainda por cima era sexta-feira, e não sabia o que fazer, não sabia se ia jantar com eles ou não. De certeza que o Mário não queria recebe-la em sua casa. Bem mas quando chegasse a hora de jantar logo se via. Agora tinha que se concentrar no trabalho.
O dia parecia não começar a correr muito bem, assim que chegou á empresa chamaram-na ao gabinete do chefe. Sabia que não tinha feito nada de mal, mas ser chamado ao gabinete do chefe, nunca parecia ser um bom sinal. Ele quereria despedi-la?
De facto estava tão nervosa que assim que se encontrou cara a cara com o chefe a primeira coisa que fez foi perguntar se ia ser despedida.
- Bom dia Dra., não me diga que está com medo de ser despedida. Não se aflija, não foi por isso que a chamei aqui. O motivo é outro. Sem mais rodeios é o seguinte, você, vai para casa, vai fazer a sua mala, e vai para o aeroporto, porque vai para o Brasil, durante um mês. Vai haver lá uma reunião de todas as sucursais da empresa e a Dra. Ana vai representar a do Algarve.
- Ai sim? Que bom. E há alguma coisa que deva saber ou assim?
- Não, toda a documentação que precisar é-lhe fornecida lá.
- Pronto, então, obrigado pela confiança. Vou só despedir-me dos meus amigos e vou fazer as malas.
- Boa viagem Dra.
- Obrigado.
Que bom, esta viagem era mesmo o que estava a precisar. Tinha que despedir-se do Daniel, telefonar para casa, e fazer as malas. Então e o Mário. Não lhe apetecia vê-lo. Bem, telefonava-lhe quando chegasse ao aeroporto.
As duas horas seguintes foram uma correria, foi ter com o Daniel, despediu-se dele, telefonou para a família a despedir-se também, fez as malas, foi para o aeroporto, fez o check-in, e já estava na sala de embarque quando se lembrou de telefonar. Marcou o número, carregou no verde, e encostou o telemóvel ao ouvido, mas quando levantou a cabeça e olho em frente…
- Não ias despedir-te de mim?
- Ia, estava agora a telefonar-te. – E de facto o telemóvel do Mário vibrava-lhe no bolso.
- Só isso, um telefonema?
- Para quem mal fala para mim de há uns dias para cá, parece-me chegar perfeitamente. Aliás, pensei que nem sequer te fosse importar muito o facto de eu viajar, ou de ficar em Portugal. Até parece que sou invisível…E tu, o que é que estás aqui a fazer?
- Também vou viajar.
- Ai sim, bom para ti. – Disse a Ana friamente.
- Não me perguntas para onde?
- Para onde? – Perguntou a Ana com um certo ar cínico.
- Exactamente para o mesmo sitio que tu. Também vou representar a empresa. E adivinha só: além de ficar no mesmo hotel que tu, vou ficar no mesmo quarto. Parece que vais ter que me aturar durante o próximo mês.
- Não pode ser. – Admirou-se a Ana.
- Pode, pode.
- Vou telefonar imediatamente para o chefe.
- Então telefona, não vai mudar nada, mas tu é que sabes.
- Ai não. Tanto que tu sabes. Posso recusar-me a ir.
- Pois podes, mas tu não queres fazer isso, por isso senta-te, e espera que nos chamem para embarcar. Tens que fazer sempre a tua birrinha.
Aquilo irritou-a, que estúpido, julgava-se o dono da verdade. Mas sentou-se, e esperou. A voz que os chamaria para embarcar, parecia nunca mais surgir, e finalmente quando surgiu, trouxe mais uma desagradável surpresa, o Mário tinha o lugar ao lado do seu, o que queria dizer, que além de ter que dormir no mesmo quarto que ele, também teria que se sentar ao lado dele durante a viajem. Ia ser super divertida e animada de certeza, iam fartar-se de falar, definitivamente.
O lugar dele ficava ao pé da janela, e como a Ana queria ver a paisagem pediu ao Mário para trocar de lugar com ela, pedido ao qual ele não acedeu, embora aquilo a tivesse chateado ela empenhou-se por não o demonstrar. Ele queria, provocá-la, mas não ia conseguir. A Ana ainda tentou olhar pela janela, mas quando o Mário se apercebeu que ela estava a olhar fechou-a, mas mais uma vez a Ana agiu super calmamente e desviou a sua atenção para outro lado.
Ao seu lado, estava sentado um rapaz muito atraente, que na primeira oportunidade meteu conversa com ela, e então, sabendo que ia irritar o Mário, conversou com o rapaz, falaram de muita coisa, e quando ele estava a tentar explicitamente engatar a Ana, o Mário, aborreceu-se e foi até á casa de banho.
A viagem acabou, e á saída do aeroporto, a Ana distraiu-se a despedir-se do rapaz do avião, e o Mário meteu-se num táxi sem dizer nada. O pior é que era ele quem tinha a morada do hotel e a Ana totalmente perdida começou a ficar muito aflita. Só ao fim de alguns minutos quando começou a raciocinar, é que se lembrou de telefonar ao chefe a pedir todas as informações necessárias. E ao fim de uma hora já estava no hotel.
As más surpresas pareciam não acabar, quando chegou ao quarto verificou que a cama em que iam dormir era de casal. Ou seja além do quarto teria que partilhar a cama com o Mário.
Mas mais uma vez, não se ia deixar afectar por esta série de acontecimentos. Arrumou calmamente as roupas, leu os papéis que lhe tinham dado á entrada e verificou que ia haver um jantar de gala nessa noite, para dar as boas vindas a todos os convidados. Isso animou-a logo, ia vestir o seu vestido mais bonito, e de facto já estava a arranjar-se para jantar quando o Mário entrou no quarto.
- Eu sei que partilhamos o quarto, mas sinceramente, acho que não sou obrigado a ver-te passear em lingerie.
- Temos pena, este quarto também é meu. E se não queres ver-me nua tenta, assim, bater á porta de vez em quando, não sei, mas pode ajudar, digo eu.
- Eu não tenho que bater á porta para entrar no quarto, eu entro quando quero e bem me apetece… – Mas a Ana já não estava e ouvir, tirou o soutien, a cinta, as ligas, as cuecas, e dirigiu-se para o banho.
O Mário nem acreditava no que tinha acabado de ver. A Ana despira-se á frente dele. Não podia ser. Se calhar ele estava a ir longe demais, estava a provoca-la demasiado, mas acima de tudo não devia ter fingido deixa-la no aeroporto sozinha, quase tivera para aparecer, quando, escondido atrás da coluna, viu, a Ana entrar em pânico, e viu as lágrimas a correrem-lhe pela cara abaixo.
Ele acusava-a de fazer birras, e de ser criança, mas agora era ele quem estava a agir como um miúdo pequeno. Tinha que para com aquilo, aliás ia falar com a Ana e pedir desculpa pelo seu comportamento.
Esperou que ela saísse do banho, e vendo-a surgir embrulhada no roupão de banho, começou por dizer:
- Desculpa, desculpa por tudo isto, estou a ser um parvo, estou a reagir como um miúdo pequeno. – E abraçando-a, continuou, – Eu li o teu bilhete, mas estava demasiado magoado com tudo o que se passou para reagir, e depois quando dei por mim, mal falava para ti e tratava-te mal. Na noite que, passas-te fora de casa, eu ainda te fui procurar a casa para falarmos do bilhete, mas tu não estavas. Esperei por ti á porta de casa, mas nada, não vieste dormir a casa. Fiquei louco de ciúmes, pensei que estivesses com alguém, fiquei á tua espera toda a noite. Quando chegaste e nem disseste onde tinhas estado, fiquei mais furioso, e á tarde vi-te chegar novamente a casa cheia de sacos e super feliz. Fiquei super convencido que tinhas encontrado alguém, não conseguia compreender como é que tinhas encontrado alguém tão depressa, e me tinhas deixado para trás.
- Estás desculpado. Mas como é que podes-te pensar uma coisa dessa? Eu passei a noite na praia, sozinha. E quando, falas-te tão mal para mim, de manhã, partiste-me o coração. Então eu decidi, ir ás compras e parecer o mais feliz possível, só para te mostrar que não me importava. – Disse ela. – Mas agora já está tudo esclarecido e podemos ser amigos como antes não é?
- É… amigos como antes! – Embora tivesse concordado em permanecer só amigo da Ana, não era isso que o Mário queria, definitivamente. Mas não ia começar outra discussão não ali, nem depois de todos os últimos acontecimentos.

Grandes Portugueses

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No passado domingo (1/04/2007), assistimos a um episódio do “Diz que é uma Espécie de Magazine” totalmente voltado para a crítica ao facto dos telespectadores da RTP terem elegido Salazar como o “Grande Português” de todos os tempos. Peço perdão, mas acho que estou a cometer uma imprecisão, afinal o programa não foi totalmente dedicado á crítica pela vitória de Salazar, os “Tesourinhos Deprimentes”, e um sketch, não se referiam a este assunto, ao que parece bem mais polémico do que aquilo que eu inicialmente pensei.
Não percebi, o motivo de tanto gozo á volta do assunto. Eu não fiquei contente, com a vitória de Salazar, é claro que não fiquei, afinal a extrema-direita, não encaixa de todo nas minhas crenças politicas, preferia que tivesse ganho Álvaro Cunhal. Mas até que ponto, é que aquela votação é representativa da opinião de toda a população?
Não sei se me faço entender, mas há vários factores a ter em conta quando pensamos neste concurso e nas pessoas que votariam nele.
Bem, em primeiro lugar, todas as emissões do concurso foram transmitidas na RTP 1, em Domingos, se não estou em erro. Posso estar enganada, mas acho que a maioria dos Portugueses achou, os programas que davam á mesma hora, nas outras estações televisivas bem mais interessantes. E nem sequer preciso de ir muito longe para perceber isso. Quando, no dia da eleição perguntei ao meu pai quem achava que ia ganhar, ele nem sabia quem eram as figuras que estavam em jogo.
Tenho pena, mas receio que ainda haja uma boa parte da população que não está assim tão atenta aos programas transmitidos pela RTP, e prefere dedicar toda a sua atenção apenas a um canal, como a TVI, e a todos os seus programas, embora eles possam apresentar um nível cultural bastante reduzido, e com isto refiro-me em concreto ao programa “A Bela e o Mestre”, mas disso falarei noutra ocasião.
Voltando aos “Grandes Portugueses”, a votação, para a escolha entre um dos dez finalistas foi feita por telefone. Haveria assim tantas pessoas dispostas a gastar 0,60€ para votar neste concurso? Quanto a mim a resposta é obvia…
Isto é só a minha opinião, mas as pessoas que votaram neste concurso encaixam-se em três categorias: a extrema-direita (que votou em peso), alguns comunistas fanáticos por Álvaro Cunhal, e uma pequena parte da população, parte essa que é mais esclarecida e intelectualmente superior e consequentemente, percebeu a importância de votar noutras figuras que não Cunhal ou Salazar.
Certamente se a população fosse inquirida de outra maneira, teríamos uma agradável surpresa e D. Afonso Henriques ganharia a eleição. Mas tal como alguém disse Salazar nunca perdeu uma eleição, e assim como no tempo de Salazar, a maior parte dos votantes eram os seus apoiantes, o pelo menos das suas politicas, a única diferença é que desta vez houve oposição.
Não é preciso ser um génio para tirar estas conclusões em relação ao programa, todos nos percebemos isto logo á partida, por isso para mim, é totalmente incompreensível tanto alarido á volta disto, principalmente quando são os Gato a dedicar um programa inteiro ao assunto, sinceramente esperava muito mais do programa. Assuntos muito mais importantes como a emigração dos portugueses para Espanha, a universidade independente, o falso diploma de Sócrates, ou a irresponsabilidade dos jovens finalistas pareciam-me ser escolhas mais interesantes para eventuais criticas. Mas mais uma vez é só uma opinião.

Nana

quarta-feira, 21 de março de 2007

Quinta á Noite

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Era quarta-feira á tarde e como já era habitual, as três amigas estavam sentadas nos sofás da sala de convívio, há já algumas horas. Nesse dia e ao contrário do que costumava acontecer, trabalhava-se. A festa da próxima semana tinha de ser planeada, e havia alguns aspectos da decoração que estavam por acordar.
A Ana, como já era habitual, estava sentada, num cantinho do sofá que lhe permitia ver a televisão, mas também todas as entradas da sala, a Maria e a Raquel, sentaram-se ao acaso naqueles confortáveis sofás. O trabalho decorria a um ritmo bastante calmo, e enquanto a Ana fazia alguns esboços da decoração para o bar, as amigas recortavam letras em jornais e revistas. A intervalos bastante irregulares, a atenção das três, lá se desprendia do trabalho, para admirar um ou outro rapaz que entrava na sala.
Já passava das quatro e meia, quando a Ana deu por concluído o esboço da decoração, e como não eram elas os únicos elementos da comissão de finalistas, era necessário, mostrar o esboço á presidente.
A Andreia, não era bem a presidente, aliás, nem sequer houve uma eleição, mas era ela que “comandava as tropas”, uma vez que tinha adquirido bastante experiência desde que decidira ser membro da associação de estudantes.
- Quem é que vai á associação mostrar isto? – Perguntava a Ana.
- Vais tu… – Apressou-se a Maria a dizer
- Eu? – Ainda tentou Ana, mas não teve outro remédio se não ir ela mostrar o desenho.
Assim que entrou, encontrou a Andreia, sentada a uma secretária a trabalhar, também lá estava um rapaz que a Ana só conhecia de vista e de ouvir a Maria falar, é que ele já tinha dormido no quarto dela, quando a Matilde, uma amiga das três, que estava agora a estudar em Setúbal, o tinha levado para casa dela. A Ana não sabia muito bem o que tinha acontecido entre a Matilde e o Zé Diogo, mas tinha quase a certeza que no mínimo tinham rolado uns beijinhos.
- Olá Andreia, acabei agora mesmo o plano da decoração, queres dar uma olhadela e ver se gostas. – A Ana entregou o desenho á amiga, e ficou de pé, não queria demorar muito, nem atrapalhar a colega que certamente tinham muito trabalho entre mãos.
- Podes sentar-te não pagas mais por isso. – Disse uma voz, que Ana não reconheceu de imediato, aliás nem tinha percebido muito bem de onde viera, só no fim de alguns segundos percebeu que tinha sido o Zé Diogo, e achando bastante antipática a intervenção dele apressou-se a dizer, baixinho, mas suficientemente alto para que ele ouvisse – Que simpático!
- Não gostas, põe na borda do prato. – Disse ele
- Olha Andreia, desculpa lá mas eu vou embora, não tenho que aturar estas bocas foleiras. – E já á saída e de costas para ambos disse – Parvalhão!
Quando voltou a sentar-se nos sofás a sua expressão facial estava completamente alterada, e as amigas, notando de imediato, que algo não tinha corrido bem, apressaram-se a perguntar o que se tinha passado, e depois de tomarem conhecimentos dos factos ficaram perplexas, afinal sempre acharam o Zé Diogo um tipo bastante simpático.
O tema depressa foi esquecido, e já tinham voltado ao trabalho, quando a Andreia saiu á porta da AE e chamou a Ana, embora um pouco contrariada ela lá se levantou e entrou na pequena sala, atafulhada de secretárias e computadores.
- Olha, Ana, chamei-te aqui porque o Zé Diogo, quer pedir-te desculpas.
- Ai quer? Então mas quer porque percebeu que foi estúpido para mim, ou porque foste tu quem o mandou pedir desculpas? Alias, ele nem sequer se devia importar com isso, ele não me conhece, eu não o conheceu, por isso o que é que importa que eu fique a achar que ele é um parvalhão? – E depois de dizer isto, a Ana olhou para ele. Tinha a cabeça baixa, mas via-se perfeitamente lágrimas a cair. Quando a Ana percebeu que ele estava a chorar, pediu baixinho á Andreia que os deixasse sozinhos e dirigiu-se para ele. Já ao pé do Zé Diogo, envolveu-o num abraço muito forte., e ficaram assim, abraçados durante largos minutos. Ele ainda tentou falar, para pedir desculpa, provavelmente, mas a Ana não deixou, e continuaram abraçados por mais um bocadinho. A cabeça da Ana estava um turbilhão, por um lado perguntava-se o que se teria passado, e por outro sentia-se culpada por ter falado tão mal com o Zé Diogo, seria culpa dela, o facto de ele estar assim, certamente não seria por isso, afinal é preciso mais para um rapaz chorar daquela maneira, devia ter acontecido algo muito grave, mas não podia deixar de se sentir culpada, afinal tinha sido muito estúpida, não valia a pena ter falado assim para ele.
- Tas melhor? – Perguntou a Ana quando percebeu que ele estava mais calmo.
- Sim… – E ouvindo isto a Ana levantou-se do colo dele para ir embora, mas depressa sentiu uma mão a puxar o seu braço
- Não me deixes aqui sozinho. – E ouvindo estas palavras, a Ana deixou-se estar. Tinham as mãos dadas, e olhavam ambos nos olhos um do outro, nenhum deles dizia nada, mas também não era preciso. O silêncio e o olhar de ambos dizia tudo, mas foi quando a Ana olhou para cima da secretária que percebeu o que se tinha passado.
A carta com letra de rapariga e a fotografia rasgada disseram tudo, a namorada tinha acabado tudo com ele, a Ana não sabia o motivo, mas também pouco importava porque certamente ele gostava muito dela, e ela não soube perceber isso. Tentou articular algumas palavras de consolo, mas não conseguiu, o facto de ver um rapaz a chorar por causa de uma rapariga intimidava a Ana, ela que sempre pensou que os rapazes eram incapazes disso. Mas pelos vistos, o Zé Diogo não era igual aos outros, isso ou gostava mesmo muitíssimo da namorada.
Nesse momento a Andreia entrou na sala, e ainda bem porque a Ana estava a sentir-se verdadeiramente desconfortável com a situação, e então num gesto de carinho levantou-se da cadeira que ocupava, e deu um beijo na testa do Zé Diogo, e não dizendo nada, saiu da AE.
Quando se voltou a sentar nos sofás as amigas olhavam para ela muito serias e nos olhos delas conseguia perceber-se um ar de dúvida muito grande. E então, para satisfazer alguma da curiosidade delas a Ana limitou-se a dizer: - A namorada acabou com ele.

Ao outro dia á noite, a Praça da Republica estava cheia, parecia que todos os alunos da ESE e da ESTG tinham saído á rua. E no meio daquele amarfanhado de pessoas, o Zé Diogo lá encontrou a Ana. Ele sentia que lhe devia uma explicação, afinal ele tinha sido muito estúpido para ela, e mesmo assim, quando ele precisou de apoio e carinho ela não hesitou em ficar ali com ele, embora para além de não o conhecer, ela tivesse muito má impressão dele.
Ela estava com as amigas, ele não sabia se devia interromper, a verdade é que lhe faltava a coragem, queria agradecer-lhe e pedir desculpa, mas o orgulho era forte e não deixava, afinal nem sequer se conheciam, que mal podia fazer? Não, tinham que ir falar com ela.
Deu um passo em frente, mas a coragem faltou uma vez mais. O que fazer? Era a pergunta que passava pela sua cabeça nesse momento. Queria acabar com aquela tortura, o melhor era ir embora. Mas por outro lado ela merecia uma palavra de apreço. Deu mais um passo, mais alguns metros e estaria mesmo ao pé dela, tentou obrigar-se a andar mais um pouco, mas era impossível, estava, agora, ali parado a olha para ela, não podia ser, tinha que ir lá. Então dirigiu-se ao local onde ela se encontrava, e tocou-lhe no ombro, ela voltou-se, e quando percebeu quem a chamava ficou muito surpresa:
- Tu? Precisas de alguma coisa? – Depressa se arrependeu de ter dito aquilo porque a reacção, do Zé Diogo não foi a melhor.
- Não é nada de especial, só queria pedir-te desculpa, mas se estás ocupada fica para depois. – E dito isto, Zé Diogo, virou as costas e foi embora
- Não espera… – ele parou – podemos falar agora, não há problema. – Ela aproximou-se dele, e ele virou-se.
- Então se não te importares vamos até minha casa para podermos falar mais á vontade. -depois da reacção dela percebeu que se calhar não devia ter pedido aquilo.
- Até á tua casa? Não podemos falar aqui? Eu sei que há aqui muita gente, mas podemos procurar um sítio mais calmo. É que é, tipo, esquisito, ir a casa de uma pessoa que nem conheço. – Riu-se. O Zé Diogo achou bastante piada aquela timidez toda, mas não se riu.
- Eu sou o Zé Diogo, muito prazer! – Apresentou-se enquanto lhe dava um aperto de mão e depois um beijinho, ela rui-se mais uma vez. – Agora já não somos desconhecidos.
Ela achou bastante piada á intervenção dele e lá acabou por ir.

A casa dele não era longe, e em cinco minutos, estavam os dois sentados, em cadeiras no quarto dele. A Ana não estava de facto nada á vontade com aquela situação, e percebendo isso, o Zé Diogo, tentou fazer com que ela descontraísse.
- Queria mesmo agradecer o que fizeste por mim, e pedir desculpa por ter falado tão mal contigo. – Começou ele – Eu estava um bocado chateado, porque a minha namorada tinha acabado comigo, mas de qualquer maneira, não tinha o direito de descarregar em cima de ti. E embora o tenha feito, quando percebeste que eu estava mal, não hesitas-te em tentar animar-me, e fiquei a admirar muito isso em ti. O facto de saberes separar as coisas, e embora não gostes de uma pessoa isso não te impede de a ajudar quando ela precisa. E pronto basicamente era isso.
- Então posso ir embora? – Perguntou logo ela.
- Tão? Mas porque?
- Não leves a mal não é nada contra ti. Até gostei bastante que tivesses vindo falar comigo, e que me tivesses pedido desculpa. Aliás nem esperava outra coisa de ti. Mas não sei se já reparas-te que estamos em tua casa e tal… e eu não estou muito á vontade, pronto, é isso. Eh pá, não tenho culpa. Não te rias, a sério. Eu sou envergonhada.
- Não estejas, não vale a pena. Está tudo bem. Só cá estamos nos os dois… – E fez-lhe uma festinha na cara.
- Olha em relação ao facto de tu e a tua namorada terem acabado, tenho uma coisa para te dizer. Sabes, sempre achei super estúpido ver um homem a chorar. Não sei bem porque, mas os homens não choram, estás a ver? E ver-te a ti a chorar, ainda por cima pelo motivo que foi, foi um bocado esquisitinho. Sabes, acho que não te devias preocupar tanto com isso. Se calhar gostavas muito dela, mas…
- Ana, não fales do que não sabes.
E pegando nas mãos dele – Desculpa, não te queria ofender. Só queria dizer, que tenho a certeza que mais tarde ou mais cedo vais acabar por esquece-la e encontrar alguém que goste muito de ti. – Os olhos dele encheram-se de lágrimas. – Não chores, por favor. Ela não merece as tuas lágrimas.
- Mas não percebes que eu a amo? – E deixou cair uma lágrima.
- Não realmente, não percebo. Aliás eu nem sequer acredito no amor. Não nesse amor, um amor que não é recíproco. Tu estás é chateado por ela te ter deixado. Porque se fosse ao contrário nem sequer te importavas.
- Estas a ser muito estúpida. Tu não sabe nada da minha vida…
E abraçando-o disse: -Tão conta-me.
- Ela deixou-me para ficar com o meu melhor amigo. Percebes? Para além da namorada perdi o amigo. E percebi que ela nunca tinha gostado de mim. Ela usou-me só para chegar até ele. Percebes?
- Sim, eu percebo. Chiuuuu. – E dito isto beijou-lhe a testa, e quando os seus olhares voltaram a cruzar-se, os seus lábios aproximaram-se, e envolveram-se num beijo.
A intimidade entre eles crescia a olhos vistos, e quando se aperceberam, já estavam demasiado envolvidos para parar. Mas ainda assim, nada aconteceu.
- Desculpa mas eu não posso fazer isto. – Disse a Ana. – Não assim. Isto só está a acontecer porque estas a tentar usar-me para esquecer a tua ex-namorada. E isso para mim não dá. Não costumo ir para a cama com qualquer um. Muito menos se esse qualquer um nem sentir o que está a fazer.
- Sim tens razão desculpa, não quero pressionar-te. Mas acho que não sou qualquer um, aquilo que eu senti quando te beijei foi verdadeiro, e sei que tu sentiste o mesmo, não tentes disfarçar que eu sei que sim.
Era verdade, a Ana tinha sentido algo muito forte quando o beijou, não dava para disfarçar, era demasiado evidente.
- Sim, se calhar senti, mas não sei se quero sentir.
- Nunca mais queres voltar a estar comigo? É isso que queres dizer?
- Sim…Não…Não sei. – Explicava-se Ana. – Oh pá sei lá. Isto é um bocado confuso. Adorei o que se passou, e quero repetir, mas…
- Mas? – Interrogou Zé Diogo. – Há um mas? Eu sou livre e tu também. Além disso não estou a pedir-te para namorares comigo.
- Sim eu sei. Aí, o que é que queres que eu te diga. Isto é esquisito, eu nem sequer sei nada da tua vida. Tipo nos nem nos conhece-mos. E sabes tão bem como eu que o primeiro impacto não foi muito positivo. Tipo tu acabas-te á pouco tempo com a tua namorada e estás de rastos. E eu não sei se quero continuar com isto, porque tenho a certeza que me vou apaixonar, e tu vais mandar-me á mãe.
- Descontrai e aproveita a vida…
E olhando para o relógio, a Ana disse: - Já é muito tarde, tenho que ir para casa, a gente depois resolve isto. – E quando se ia despedir com um beijo na cara, o Zé Diogo deu-lhe um beijo na boca. – Não vais desistir pois não? - Perguntou a Ana.
- Não!
- Então vemo-nos quinta á noite.

Depois de uma atarefada semana, chegou finalmente a noite de quinta-feira, a noite pela qual a Ana e o Zé Diogo tinham esperado, ansiosamente durante sete longos dias. E a essa quinta, outras se seguiram, e a noite acabava sempre em casa do Zé Diogo. As coisas não avançavam além dos beijinhos, mas conheciam-se cada vez melhor, e já não trocavam, aquelas curtas horas por nada. Mas havia um problema, essas noites estavam a acabar, o Zé Diogo era finalista, e no final do ano ia embora para a sua terra, e os dois nunca mais se voltariam a ver.
A penúltima semana de aulas começou, e depressa chegou o dia de quinta-feira, e mais uma vez sentadas na sala de convívio, a Ana, a Maria e a Raquel, estavam desta vez a estudar para as ultimas frequências do ano, quando vêem entrar pela porta a Matilde, já á muito tempo que não se viam, e as saudades já apertavam, e depois de muitos abraços e beijinhos, e de por em dia algumas novidades, a Ana lembrou-se que certamente a Andreia estaria na AE, e também gostaria de ver a Matilde, então, pegou nela e entraram as duas na sala.
De facto a Andreia estava na AE, mas não era a única, o Zé Diogo também, lá estava, e quando viu a Matilde, fez uma cara que a Ana não conseguiu interpretar facilmente, mas parecia-lhe talvez um pouco incomodado. Mas, porque? Será que eles se conheciam? E foi quando se lembrou que eles já tinham dormido juntos em casa da Maria. Será que tinha rolado mais qualquer coisa além dos beijos? Provavelmente sim, depois da cara que ele fez não havia grandes duvidas.
Mas porque é que isto incomodava tanto a Ana, estaria com ciúmes? Não, não podia ser. Ciúmes, ela? Bem se calhar um bocadinho, mas estava decidida a não mostrar de maneira nenhuma o que estava a sentir. Ele não podia perceber de maneira nenhuma o que se estava a passar.
Então, tentou agir com a maior naturalidade que conseguia, quando ele lhe veio dizer ao ouvido que se viam á noite.
Como não viam a Matilde há um ano, decidiram ir jantar todas, e tinha que ser na casa da Maria, para lembrar os velhos tempos.
O jantar correu muito bem, e á meia-noite, depois de uns copinhos, e de estar toda a gente muito animada, decidiram então ir um pouco até á praça.
A Matilde estava muito bêbada e só já dizia disparates, mas todas se riam muito das barbaridades que iam ouvindo. Quando chegaram á praça e como já ia sendo habitual nas últimas semanas, estava cheia de pessoas. Entraram num bar, noutro, noutro ainda, e umas queriam ficar no Lagartos, outras no Impactos e outras na praça. Então acabaram por se dividir, e enquanto a Ana ficou na praça com a Maria e o namorado dela, a Matilde e a Raquel foram até ao Lagartos. As outras foram para o Impactos.
A noite estava muito agradável, e a Ana, a Sara e o Filipe sentaram-se num banco e ficaram a conversar. No fim de um boa meia hora a Matilde e a Raquel vieram juntar-se a eles, mas não estavam com muito boa cara.
- Passou-se alguma coisa? – Perguntou a Ana preocupada.
- Oh não nada. Acho que pus os cornos ao meu namorado. – Disse a Matilde visivelmente muito bêbeda ainda.
- Com quem? – Perguntou a Ana, desta vez á Raquel que estava bem mais sóbria.
- Não sei. Não me apercebi de nada. Ela foi á casa de banho e quando voltou disse-me isto. – Respondeu a Raquel
A conversa acabou por ali, mas havia um mau pressentimento que não saia da cabeça da Ana, só esperava estar errada. Apesar de tudo a noite continuou, e uma depois da outra, as amigas de Ana, iam para casa. Só ela é que ainda esperava pelo Zé Diogo, ele que lhe tinha prometido ir ter com ela no final da noite, parecia não aparecer. No fim só já estavam a Ana e a Matilde, que continuava muito bêbada.
- Matilde, eu se calhar ia indo para casa, queres que te vá levar? Quer dizer, é melhor levar-te porque tu estás, assim, um pouco alegre de mais. Vá vamos lá. – Mas quando acabou de dizer isto, sentiu alguém atrás de si.
- Foi com ele. – Disse a Matilde baixinho do outro lado.
Não podia ser…
- Tu e o Zé Diogo…
- Tem calma, vamos leva-la a casa e depois conversa-mos. – Disse o Zé Diogo.
A Ana não queria acreditar, não podia ser verdade, a Matilde não podia ter traído o namorado com o Zé Diogo. As suas suspeitas eram verdadeiras. No caminho até casa da Matilde ela não consegui pensar noutra coisa, e quando saíram de casa dela ainda continuava a chorar por dentro. Embora não quisesse, tinha que admitir que estava completamente apaixonado pelo Zé Diogo, e tinha que admitir também que aqueles acontecimentos a tinham magoado muito.
No caminho até á casa dele não disse uma palavra, quando ele tentou pegar-lhe na mão ou dar-lhe um beijo ela afastou-se. Mas quando chegaram a casa dele começou a falar:
- Eu sei que nos não temos nenhum relacionamento, oficial nem sério, nem sequer assumi-mos nenhum compromisso. E como tal cada um de nos é livre de fazer aquilo que quiser, com quem quiser. Mas não me peças para agir como se nada fosse. Eu não sou capaz. Eu não queria mas a verdade é que depois de tudo o que passamos juntos eu apaixonei-me por ti, e como tal é natural que fique magoada com este tipo de coisas. Por isso se calhar vamos dizer, adeus, um ao outro uma semana mais cedo.
- Ana, não…
- É melhor ficarmos por aqui. – Mas quando ela disse aquilo, ele pegou na mão dela, virou-a para ele, e beijou-a. Ficaram ali a beijar-se durante o que pareceram horas, ele passou a mão pelo corpo dela, começou a tirar-lhe a blusa, ela tirou-lhe também a T-shirt, os seus corpos pulsavam de desejo, e ali mesmo, na sala de casa dele fizeram amor.
Ainda enrolados no corpo um do outro, ele disse:
- Desculpa, eu não queria beija-la, ela estava muito bêbeda, e eu fui á casa de banho e ela apanhou-me e beijou-me. Desculpa, eu não queria a sério. – Ela não disse nada.
- Não dizes nada?
- Que queres que diga? Que te amo e que desculpo, que desculpo tudo o que fizeste, tudo o que não fizeste, tudo o que vais fazer? Até posso desculpar o beijo que vocês deram, mas não consigo dizer que te amo, não sabendo que na semana que vem vais embora e eu nunca mais te vou ver.
- Mas eu não tenho culpa, tenho mesmo que ir.
- Eu sei e isso ainda me chateia mais, acho que preferia que me mandasses ás couves.
- Mas eu não vou mandar-te as couves, eu amo-te.
- Cala-te. Nem digas isso.
- Eu não me quero calar, quero que saibas aquilo que sinto.
- Para que? Para na semana que vem sofrer mais quando te fores embora?
- Não, para te lembrares sempre de mim, assim, apaixonado por ti. Vamos passar a semana inteira juntos. Diz-me que queres passar a semana inteira comigo, por favor.
- Quero passar a semana inteira contigo. – Disse ela baixinho, e beijaram-se, beijaram-se muito. Quando acordaram estavam ainda nos braços um do outro, e uma nova semana ia começar, a sua última semana juntos.

Durante toda a semana, a Ana e o Zé Diogo foram inseparáveis, onde estava um estava ou outro, mas ambos sabiam que estava a acabar, dentro de alguns dias ia acabar, nunca mais se veriam, e não podiam fazer nada para evitar isso, o pior é que se amavam profundamente, e mesmo assim o destino ia separa-los.
Era novamente quinta á noite, a última noite da Ana e do Zé Diogo juntos, estavam os dois em casa dele, um sentado num lado da cama e o outro no outro. Ao fim de algum tempo de silêncio, o Zé Diogo decidiu aproximar-se.
- É assim que vamos passar o nosso último dia juntos? Ana vá lá, não chores, já sabias que ia ser assim. – Disse ele dando-lhe um beijo na testa.
- Mas e se eu não quiser que isto termine assim.
- Não há nada, que possamos fazer para evitar isto, só aproveitar o nosso último dia juntos. Quero que esta noite seja a melhor noite de sempre. – E quando acabou de dizer isto, o Zé Diogo aproximou-se da Ana e beijou-a, limpou-lhe as lágrimas, e abraçou-a. Ela beijou-o muito docemente, e envolveram-se num último abraço e numa última noite de amor.
Nenhum deles dormiu, limitaram-se a ficar ali, abraçados, como se os seus corpos fossem um só, mas o maldito despertador tocou, e anunciou a hora da despedida. Eles não queriam levantar-se mas o despertador não parava de tocar, era como se o mundo estivesse todo contra eles, agora até os despertadores tinham armado um complo para os separar.
- Temos que nos levantar. –. E ao mesmo tempo que dizia isto, a Ana levantava-se lentamente e vestia-se. Ele pelo contrário ficou ali, deitado, a vê-la vestir-se. Nenhum deles dizia nada, e os seus movimentos tornaram-se mecânicos. E obrigados por um destino que não era o deles, por um destino que não queriam, dirigiram-se á porta, e depois até o carro dele.
As malas já estavam todas arrumadas, não sobrava mais nada para levar, e depois de demorarem o mais possível naquela tarefa tinha chegado a hora que ambos temiam.
- Queria que soubesses… – Começou ele.
- Não digas nada…Vai. – E ele entrou no carro, ela ainda estava estática, no mesmo sítio de onde ele segundos antes tinha saído. Mas tinha que o para, não podia deixá-lo ir embora sem antes lhe dizer uma coisa, não, não podia. Então correu, correu até á porta do carro que acabara de se fechar, abriu-a, puxou cá para fora, abraçou-o.
- Amo-te.
Ele nunca pensara ouvir aquela palavra sair da boca dela, aquilo tinha significado o mundo para ele, e agora, de novo dentro do carro, e olhando-a pelo retrovisor, carregou no acelerador. Nunca ninguém lhe tinha dito aquilo, nunca tinha sentido que alguém o tinha amado como ela o amava. Mas estava destinado, tinha que acabar tudo naquele momento. Talvez acabasse, para daqui a uns anos, voltar a começar. Daqui a uns anos, sim, tinha a certeza, quando fossem ambos mais adultos, iam encontrar-se e poderiam ser felizes. Entretanto ia esperar por ela, tinha que ser, porque só a ilusão de um reencontro lhe dava forças para continuar.

Voltas e ContraVoltas

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A vida dá muitas voltas, e o que num minuto parece estar bem, no minuto seguinte, pode estar mal.
Nos últimos tempos tenho escrito tudo o que me vem á cabeça, mesmo que não faça sentido, ou que não tenha a menor graça. Á pouco lembrava-me de certos momentos da minha vida tão amargos como os morangos que acabei de comer.
Não sei se perceberam o trocadilho, mas passo a explicar, momentos que podiam ter sido muito doces acabaram por ser muito amargos.
Há ocasiões em que as pessoas se chateiam por coisas muito estúpidas, mais tarde quando pensam nisso nem chegam a perceber bem porque é que aquilo aconteceu, mas amigos que eram de facto muitíssimo amigos são agora amigos apenas. É estúpido mas acontece. E é estranho, mas já me aconteceu. Também há situações em que duas pessoas muitíssimo amigas se chateiam e nunca mais se falam, o que é, digamos que hilariante, mas isso agora não vem ao caso.
O motivo mais estúpido pelo qual alguém se chateou comigo foi por causa de uma mosca, uma mosca, aquele animal, que se alimenta de carne morta, e ao faze-lo deixa ovos nessa carne, ovos esse que geram pequenas larvas, e larvas essas que se transformam em mais moscas. Se estão a pensar que foi o ciclo reprodutivo da mosca o motivo da zanga, enganam-se. Alias já nem sei bem o que é que se passou naquele dia de tão estúpido que deve ter sido. Mas foi em muito por causa disso que me afastei de uma pessoa de quem gostava muito, é obvio que hoje continuamos amigos, alias até nos damos bastante bem, mas devo dizer que deixou, á muito tempo, de ser a mesma coisa.
Mas isto tudo para chegar a um ponto, acho que o consenso é geral quando digo que depois de alguns episódios da nossa vida nos perguntamos, “E se isto não tivesse acontecido?”, “Como seriam as coisas, se isto tivesse acontecido de outra maneira?”, a verdade é que tento muitas vezes não fazer estas perguntas a mim mesma, talvez por medo das respostas ou por não querer sequer pensar no assunto. Quando me perguntam se acredito no destino, costumo dizer que apenas está destinado o momento do nosso nascimento e o momento da nossa morte, tudo o que fazemos pelo meio é única e exclusivamente responsabilidade nossa, portanto, as brigas estúpidas, também o são, e se alguma coisa acontece de uma determinada maneira a culpa continua a ser nossa, por isso tenham muito cuidado com o que dizem, é que a próxima mosca que passar á vossa frente pode muito bem ser motivo para uma alteração brusca do vosso caminho.

Nana

sexta-feira, 16 de março de 2007

Esta não tem nada a ver com Gato Fedorento

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Há pouco lia a Visão, e fui atraída para uma das reportagens, era sobre “a pequena A., a quem sempre chamaram J.”, certamente não perceberam do que se trata, ou se calhar até estou enganada, estou a falar do caso da menina roubada em Penafiel.
Enquanto lia a reportagem, surgiram várias perguntas, e achei que não podia deixar de escrever algo sobre isto.
Não sei se é impressão minha, mas há aqui uma série de questões que não estão muito bem contadas. Pessoalmente, gostava de vê-las esclarecidas.
Expliquem-me lá qual é o marido, ou companheiro, ou seja aquilo que for, que vê um dia, a esposa, chegar a casa com uma bebé, e não desconfia de nada? Na reportagem, a Jornalista dizia, que a senhora Alice Ferreira, a falsa mãe da menina A., tinha dito ao companheiro, Carlos Barbosa, que estava grávida e até lhe tinha mostrado uma ecografia, mas, há logo varias coisas que não batem certo. Em primeiro lugar, o senhor Carlos Barbosa, tinha um filho adoptivo, porque era estéril, ou seja não podia de maneira alguma ter filhos, e quando a companheira lhe diz que está grávida ele pensa, eh pah, espectáculo, afinal não sou estéril.
No mínimo estranho, como é que uma pessoa deixa de ser estéril de um dia para o outro? Eu cá não sei, mas tenho a certeza, que muitos casais portugueses, gostariam de saber, porque afinal para eles, a impossibilidade de terem filhos é um verdadeiro drama. Mas desatam a roubar crianças? Quer-me parecer que não.
Outra coisa que não bate certo: quando a senhora Alice Ferreira mostrou, a ecografia ao companheiro, ele dizia ver, na mesma, um pontinho, e na minha ignorância, pareceu-me que ele quis dizer que segundo a ecografia, o sexo do bebé era masculino, tal como desejavam. Senhora Dona Alice Ferreira, quando voltar a roubar um bebé, certifique-se, de que o sexo do bebé, e aquilo que se vê na ecografia, coincide…
Mas ainda não é desta que, o senhor Carlos Barbosa desconfia.
No fim do tempo de gravidez, um dia, a senhora Alice Ferreira, aparece em casa com um bebé. Qual é a mãe, que vai para o hospital, para ter o seu filho, e para além de ir sozinha, quando, supostamente estaria com contracções, volta no mesmo dia em que foi? Qual é o médico, que permite, que um bebé saia do hospital no próprio dia em que nasceu? Quanto a mim, a saúde em Portugal, está pela hora da morte, mas não tanto assim.
Para rematar, a família do suposto pai queria baptizar a menina, mas não havia papéis. A família desconfiou, não. Passou um ano, e só depois disso, depois de um ano sem papéis, é que é feita alguma coisa. Mas só porque se queria baptizar a menina. Porque se a família nem fosse cristã, se calhar hoje, ainda nem se sabia de nada.
Costumo ter uma imaginação bastante fértil, e quando algo não bate certo, apresso-me a elaborar uma teoria da conspiração. Em relação a este caso já elaborei uma, certo ou não é aquilo que eu acho.
Para começar, há que ter em conta, o facto de a família biológica ter seis, filhos e três deles não estarem ao cargo dos pais. Então cá vai: esta sétima filha do casal, não seria de facto uma filha muito desejada, uma vez que a família, não tinham grandes posses económicas, e ao que parece muito pouca paciência para aturar gaiatos, já que três filhas foram retiradas ao casal pelo tribunal, devido a negligências.
Como se sabe, em terras pequenas, e em locais onde as populações são mais envelhecidas, há sempre um certo preconceito em relação a certas coisas, e o casal, temendo ficar falado na vizinhança, em vez de dar a filha para adopção, falou com alguém, uma pessoa, provavelmente desconhecida, a qual, eles soubessem ter condições para cuidar da bebé.
Depois de encontrar a pessoa certa, ficou acordado que quando a menina nascesse, a senhora ia busca-la ao hospital, discretamente.
Depois de os médicos notarem o desaparecimento da bebé, os pais fariam queixa á polícia, mas era provável que nunca se descobrisse nada, por isso cada casal ficaria feliz, sem nada ser descoberto, e além disse a sede de conversa dos vizinhos seria saciada com a tese do roubo.
È uma teoria bastante rebuscada tenho que admitir, mas o caso não pede menos. É praticamente obvio que as coisas não se passaram assim, mas a minha teoria está elaborada, pode ser alterada com o surgir de novos factos, mas basicamente será isto.
A minha intenção com isto não é de maneira nenhuma ofender ninguém, é apenas mostrar que este é mais um caso, em que os factos e a realidade, pelo menos como ela se mostra, não coincidem.

Nana

O Sacrificado

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Como na semana que vem, não vai ser transmitido o habitual episódio do “Diz que é uma Espécie de Magazine”, estou a escrever já nesta semana a crónica que supostamente seria escrita na próxima semana.
Desde alguns episódios para cá tenho reparado num facto, que no do passado Domingo voltou a acontecer. Já muita gente deve ter notado, que, quando passa um sektch, os protagonistas do mesmo gozam consigo próprios. Nas não são só eles que o fazem, o resto dos elementos também goza com certas situações ou certos pormenores em que a maioria das pessoas nem sequer repara.
Bem, mas o que me tem chamado a atenção é o facto de Zé Diogo Quintela ser sempre o mais gozado pelos colegas. Á duas semanas atrás, lembro que Zé Diogo (se é que me permitem chamar assim) usava um penteado novo, e isso foi imediatamente alvo de chacota, bem, vamos lá a ver, ainda se criticassem a camisa dele que era verdadeiramente, e vou ser simpática, muito pirosa, não me admirava. Mas o penteado? Até lhe ficava bem.
Bem agora entrei aqui um pouco na brincadeira, e peço desculpa ao Zé Diogo, porque não quero de maneira nenhuma ofendê-lo.
Voltando ao que interessa, não percebo muito bem porque motivo, é sempre ele o sacrificado, ou o mais chacoteado dos quatro, mas tenho a certeza que se deve tratar apenas de uma brincadeira da parte dos amigos.
Por esta altura os escassos leitores do meu blog devem estar a pensar que esta crónica é mesmo de quem não tem nada para dizer, e por certo, vão, deixar de ler, de vez o blog. É então em consideração a eles que vou reformular, em crónicas futuras, os temas e as abordagens que faço do programa, nos testos que escrevo.
“Segundo um passarinho do mundo editorial” nos próximos episodio do “Diz que é uma Espécie de Magazine” vão haver algumas novidades, e deixando-me levar por essa onda vou tentar escrever sobre os temas verdadeiramente interessantes do programa.
Entretanto, por cá, e enquanto o próximo episodio não chega, espero que certos momentos se mantenham inalterados, os tesourinhos deprimentes, o momento musical, e o mais importante, o anúncio publicitário…estou a brincar o que eu, e todos os portugueses que admiram o trabalho dos quatro Gatos esperam ver com a qualidade de sempre é sem duvida, e penso que posso falar por todos, o FIM. Fora de brincadeiras, o que queremos mesmo é mais e tão bom ou melhor humor, tal e qual, como nos têm habituado até aqui.
Que os próximos treze episódios sejam um sucesso tão grande como o que têm sido até aqui. Há e que consigam superar as audiências do novo programa da TVI, “A Bela e o Mestre”.

Nana

Gregos e Troianos

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Agradar a Gregos e Troianos não é tarefa fácil, sempre que fazemos alguma coisa há quem goste e quem, pelo contrario odeie.
Quem pensou que eu achava que os Gato nunca faziam nada errado, ou que nunca fizeram nada de eu gostasse menos, enganou-se.
Houve dois momentos que eu não apreciei especialmente no Diz que é Uma Espécie de Magazine.
O primeiro foi quando Marco Borges, ex.–B.B., foi convidado a participar numa rábula, sobre o concurso Grandes Portugueses. O segundo foi quando os D’zrt foram convidados a actuar no programa.
Não digo que estas participações não tenham sido engraçadas, e não tenham sido expressivas daquilo que se pretendia ilustrar. Aliás se calhar não havia outra maneira de o fazer, ou se houvesse com certeza não surtiria o mesmo efeito.
Mas para mim o “Gato Fedorento” era o programa onde nunca entrariam esse tipo de futilidades. Bem, futilidades que por acaso eu até vejo, ou no caso do Big Brother, via.
Parece um pouco incoerente e parece também que me estou a contradizer, não é?
Bem, se calhar até estou um pouco, mas vejamos, o Big Brother e os Morangos com Açúcar, são programas feitos para atingir grandes públicos e como tal têm um tipo de código restrito e consequentemente pouco elaborado que todos nós conseguimos compreender por menos cultura que tenhamos.
Já o “Gato Fedorento”, utilizava, pelo menos em edições anteriores, e no blog também, um código mais elaborado, e mais difícil de compreender, portanto seria quase impensável ver figuras como os D’zrt ou o Marco Borges participar nas sátiras.
É claro que com a entrada dos Gato para uma estação de televisão publica, que é consequentemente visionada por um numero, bastante mais alargado de pessoas, do que as estações apenas exibidas pelo satélite, iria mudar o código utilizados pelos Gato, compreendo que é preciso que o código usado seja compreendido por todos para que o programa tenha o maior numero de audiências possível. Caso contrario terá de sair do ar. E isso não é, definitivamente, algo que eu queira, muito pelo contrário. Eu adoro o Gato Fedorento e quero que ele permaneça durante bastante tempo no ar.
Mas, será mesmo necessário que figuras como estas continuem a aparecer no programa, será extremamente necessário mudar o código do programa tão radicalmente, a ponto de vermos o Marco Borges num sketch, ou os D’zrt a cantarem no programa?
É esta a pergunta que eu deixo.
Acho que o programa não precisa de um bando de adolescentes malucas aos berros em frente ao televisor só porque uns tipos, que se calhar nem cantam assim tão bem, mas têm umas carinhas, ao que parece de deuses gregos (o que me parece bastante discutível), estão a actuar no programa. Não sei, digo eu…
Sei que muita gente iria discordar de mim se lê-se isto, mas como ninguém lê o meu blog, não há problema.

Nana

segunda-feira, 12 de março de 2007

Obsessões

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Ser obcecada por algo, é realmente muito chato. Eu estou na fase da loucura pelo “Gato Fedorento”, e imagine-se, ela já me leva a escrever crónicas, se é que se pode chamar crónica a isto, para publicar no meu blog.
Se bem que escrever, não é tão grave quanto gastar uma pipa de massa nos dvd´s, do Gato, dinheiro esse que me tinha sido dado de prenda de anos, e que supostamente, deveria ser guardado, para investimento futuro, ou então, talvez, para comprar umas roupitas. Sim porque além de viciada em Gato Fedorento, sou completamente fútil.
Bem, mas para esta maratona de crónicas, não podia deixar de começar, com uma que mostrasse explicitamente porque é que gosto tanto do Gato.
O primeiro sketch que vi, foi na SIC Radical, e a minha ignorância em relação ao programa era tanta que antes de ter oportunidade de ver um, pensava que, não passava de uma série de animação, estrangeira. Parece um pouco estúpido não é? mas era realmente o que o nome me sugeria.
Podem então imaginar o meu espanto quando me deparei, com um sketch cómico protagonizado por dois perfeitos desconhecido, e ainda por cima portugueses.
Lembro-me que o sketch girava em torno de um chefe (Tiago Dores) e do seu subordinado (Miguel Góis). Eles estavam na empresa, onde supostamente trabalhavam, e o chefe dizia que esta estava com dificuldades financeiras… A particularidade, e o carácter cómico, recaia então, sobre a maneira como falavam um com o outro, a maioria das palavras ditas por ambos terminavam em –ing.
Na altura, embora tenha achado uma certa piada, sei que não percebi o sketch, e achei, melhor, pensei para mim que aquilo era uma parvoíce, que devia ser mais um programa de humor super estúpido, com piadas ordinárias, como as do Fernando Rocha (sem querer ofender ninguém é claro!).
Entretanto, meses mais tarde começou a ser transmitida a série Lopes da Silva, na RTP, mas de qualquer maneira, nunca me dei ao trabalho de ver.
Depois de 13 episódios a série acabou, e algum tempo depois começou a ser transmitida a repetição na RTP 2, onde passa também um programa chamado Por Outro Lado, que por acaso estava também a repetir, este á hora de almoço. Numa dessas repetições o convidado era Ricardo de Araújo Pereira, e eu tive, casualmente, a feliz oportunidade de visionar o programa. No fim da entrevista pensei: ”Espera lá! Este gajo afinal até tem cabecinha…Tenho que ver o Gato Fedorento, só naquele de ver como é que é. Pode ser que os gajos não sejam assim tão parvos.”
Como a série Lopes da Silva começou a repetir na RTP 2, aproveitei para ver, e adorei o programa, vi todos os episódios, alguns deles repetidamente…Começou o Diz Que é Uma Espécie de Magazine, e ainda não perdi um, alias, são inúmeras as vezes, que vou ao youtube, para visionar excertos de episódios, e de vez em quando, quando há “pouco” para estudar, o meu quarto transforma-se em sala de cinema, para dar lugar a maratonas de Gato Fedorento.
O que me atrai no programa é a critica social inteligente que é possível ver em cada sketch. É certo que o Contra Informação já o fazia antes. Mas pessoalmente prefiro a maneira como, esta critica é feita pelos guionistas e actores do Gato, é que além da política eles abordam muitas outras questões, que me parecem também extremamente pertinentes.
Compreendo que certas pessoas possam não gostar, daquilo que é dito e da maneira como é dito, mas é preciso não levar as coisas ao extremo, e por vezes rirmo-nos de nós próprios, daquilo que nos choca, nos magoa, e mesmo daquilo que não compreendemos, ou daquilo que pensamos compreender.

Quero

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Quero fugir…
Quero esconder-me…
Quero cair…
Quero levantar-me…
Quero perder-me…
Quero poder encontrar-me…
Quero deixar de sonhar com aquilo que nunca vou ter…
Quero voltar á realidade,
Que afinal não é mais do que um dia que acabou de amanhecer…
Mas há algo que me ata a alma…
Há algo que me aprisiona o espírito …
Não consigo andar…
Não consigo falar…
Não consigo gritar…
Quero sair…
Não te quero perder…
Não te quero esquecer…
Não te quero lembrar…
Não te quero voltar a ver…
Mas a cada minuto que passa,
A única imagem que vejo és tu…
Odeio-te por te odiar…
Odeio-me por te odiar…
Quero esquecer-me…
Quero esquecer-te…
Quero que me vejas…
Quero que os teus olhos ardam…
Quero que as chamas se apaguem…
Quero voltar a ser só eu.

Na praia deseta, dos dias que passam falo ao mar de coisas que vi

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Quando entras fazer o favor de abrir a porta que eu teimo em fechar.
Quando chegas e me tocas sinto o frio de uma mão que não é tua. Ela é fruto da minha imaginação e do desejo que não consigo controlar.
Quando partes sem eu saber porque, percebo que afinal nem chegast-e a entrar, naquele mundo que é só meu e onde guardo os segredos de um amor, uma amor...afinal um amor estupido, que só faz sentido no meu mundo. No mundo onde tu abres a porta que nunca deixou ninguem entrar.
É que afinal, o meu mundo é um mundo de sonhos e de amores impossiveis...É um mundo de segredos, onde o mar salgado é apenas um traçonuma paisagem, feita de flores, de passaros e de outros animais. Uma paisagem infinita onde o tempo não tem qualquer significado, e onde tu vais deixar de estar.

Capitulo I

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Que dia !!Como é que eu vou sair de casa com esta chuva toda? - Perguntava-se Ana que ao acordar e olhar pela janela se havia deparado com um cenário de chuva quase torrencial- Não é normal, bolas só estamos em Setembro!As segundas-feiras eram o pior dia da semana, e quer fizesse chuva ou sol a Ana acordava sempre de mau humor e só acalmava depois de tomar um bom banho, ver algumas pessoas e dar dois dedos de conversa.Mas, naquele dia, estava mais irritada do que é habitual, não sabia bem porque, mas uma das principais razões talvez se devesse ao facto de fazer tudo para impressionar o Mário mas mesmo assim, nada resultar. Já quase nem valia a pena o esforço.Para a Ana o Mário era muito especial, embora não ilustrasse, de todo, aquilo que ela mais apreciava fisicamente num homem, por dentro ele era simplesmente maravilhoso, disso não havia qualquer duvida. Havia muito tempo que ela o tinha colocado em cima de um pedestal que tendia cada vez mais a cair.O Mário e a Ana eram licenciados em relações Publicas e Publicidade, estudaram juntos e foram estagiar para a mesma empresa, foi lá que conseguiram o primeiro emprego, a Ana como relações publicas de um dos hotéis da empresa e o Mário como publicitário e mais tarde director de publicidade. Como a cede da empresa ficava no Algarve e nenhum deles era de lá decidiram alugar uma casa juntos para partilhar as despesas. Ao fim de algum tempo de trabalho conseguiram comprar, cada um, a sua casa, e por coincidência, ou talvez não, moravam os dois, num prédio mesmo em frente ao mar, no mesmo andar, em casas frente a frente.Meses depois mudava-se para o ultimo apartamento vago desse andar um grande amigo da Ana e recentemente também amigo do Mário já que ela fazia muito gosto em que os dois se conhecessem, e assim lá cresceu a amizade depois de uma bela tarde de conversa acompanhada de chá e bolinhos no apartamento da Ana.O Daniel trabalhava na mesma empresa dos dois, mas desempenhava funções de designer.A amizade entre os três fortalecia-se a cada momento e sempre que estavam todos juntos reinavam a alegria o companheirismo mas acima de tudo a amizade e o respeito, eram como três gémeos, daqueles que fazem tudo juntos, iam para o trabalho juntos; iam para casa juntos; saiam, á noite juntos; nas sextas-feiras até jantavam juntos na casa uns dos outros e um deles cozinhava para os outros dois.E assim iam vivendo uma existência simples e muito feliz... - Bom dia Ana, dá cá um beijinho! Olha, estávamos mesmo á tua espera para decidir em que carro vamos, mas entretanto, e como estavas a demorar o Daniel foi buscar o guarda-chuva e deve estar mesmo a vir ai.- Bom dia Mário!- Pronto, já percebi que estás irritada! Ninguém se pode aproximar de ti de manhã! Que susceptível.- Susceptível? Eu digo-te quem é que é susceptível e se não te calas ainda te digo onde é que podes ir ... e acredita que não vais gostar nada.- Bom dia, bom dia! Mas o que é que vem a ser isto? A discutir logo de manhã? Vocês os dois andam impossíveis. – O Daniel saiu de casa mesmo a tempo de acabar com mais uma das discussões entre a Ana e o Mário.O Daniel sempre havia sido um grande amigo da Ana e ela tinha aprendido a confiar plenamente nele, ela sabia que lhe podia contar tudo que da boca dele nunca saia nada. Depois de ele vir para o Algarve a amizade deles tinha-se reforçado e agora eram os melhores amigos, eram praticamente como irmãos, e ele ainda tinha a capacidade de acalmar a Ana, o que era sempre muito útil.Naquela manhã mais uma vez foi o Daniel quem conseguiu restituir a calma á Ana e depois de acalmados os ânimos lá foram os três para o trabalho.O dia decorreu com normalidade, aliás como todos os outros, mas ao voltar para casa o Dani, como a Ana carinhosamente lhe chamava, tinha uma grande novidade para dar aos amigos:- Pessoal, tenho uma coisa para vos contar!! È uma coisa muito importante e tenho a certeza que vão ficar muito contentes...O Mário começou a suspeitar da conversa do amigo e como lhe parecia conhecer o assunto da conversa não hesitou em meter a sua colherada:- Não me digas que conseguis-te finalmente engatar a Susana da administração??- Eh pá... não sejas parvo eu não a engatei, eu gosto dela e conseguimos entender-nos e eu estou muitíssimo feliz, por isso vê lá se não te armas em engraçadinho que eu vou leva-la a jantar lá a casa para vos conhecer... – deteve-se por instantes a olha para a Ana que ainda não tinha pronunciado uma palavra desde que ele começara a falar – Aninhas? Não dizes nada? Não estás contente?A Ana Permanecia calada, e assim foi o resto do caminho apesar das insistências do Dani. Foi então que quando chegaram a casa, e depois de parado o carro em segurança no parque de estacionamento subterrâneo do prédio, que explodiu:- Parece que afinal não és assim tão meu amigo como pensava! – Disse a Ana calmamente apesar de lhe correrem as lagrimas a cara abaixo – Eu confio em ti e conto-te sempre tudo, mas pelos vistos tu não confias em mim o suficiente para me contar que estás apaixonado. Bolas eu pensava que confiavas em mim, mas enganei-me não foi? Há, mas no Mário tu confias, o facto de me conheceres á mais tempo nem conta para ti nem nada... estou farta de vocês os dois é o que é... sempre a conspirar nas minhas costas. Ultimamente sempre que me aproximo de vocês acabam logo a conversa para eu não ouvir nem saber sobre o que é que estão a falar... – soluçou por instantes mas continuou – olha espero que sejas muito feliz e tenham um bom jantar. - e não aguentando mais desatou a chorar.O Daniel que não suportava ver a amiga chorar e já um pouco irritado com a birra disse por fim:- Nana, pára com isso! Não achas que isto tudo é desnecessário – parou por momentos e num gesto de carinho abraçou-a e depositou-lhe um ruidoso beijo na face molhada pelas lagrimas – Sabes bem que eu confio em ti plenamente, mas eu não queria contar nada a ninguém para não dar azar. Não queria que ninguém soubesse nada até eu ter falado com a Susana e ter percebido se ela sentia o mesmo por mim. Mas eu estava a sentir-me mesmo muito inseguro e precisava de alguns conselhos de homem e por isso fui falar com o Mário. Se calhar foi um erro não te ter contado, mas na altura nem pensei muito nisso. Desculpa fofinha. Não te zangues comigo... e logo quero-te linda para o jantar.A Ana parecia acalmar a cada palavra que ele dizia, mas ele sentia-se cada vez pior e cada vez mais culpado. Ela tinha razão, eram os melhores amigos e conheciam-se havia anos, ele sempre confiara nela plenamente, mas a verdade é que na altura nem sequer pensou em contar-lhe, ele só queria era que a Susana o amasse também, e estava tão concentrado em tentar falar com ela que nem pensou que podia magoar a Ana se não lhe contasse uma coisa tão intima como aquela.Perdidos em pensamentos, lá subiram os três aos respectivos apartamentos para se prepararem para o jantar. A felicidade que a Ana sentia pelo facto de o amigo se ter apaixonado e por ser correspondido era evidente no seu rosto. A Susana não era das pessoas que a Ana conhecia melhor, apenas se tinham cruzado uma ou duas vezes nos corredores da empresa, mas se fazia o Dani tão feliz só podia ser alguém muito especial e de certeza que era boa pessoa. Mas ainda havia uma coisa que incomodava a Ana e era o facto de o Daniel não lhe ter contado que estava apaixonado, o que é que teria feito com que ele não confiasse nela? Qualquer que fosse o motivo devia ser muito forte e não ia ser ela a questioná-lo, por isso, resolveu esquecer o assunto, até porque, não queria ser ela a criar mau ambiente no jantar e muito menos estraga-lo, ela sabia que aquele jantar era muito importante para o amigo.Assim que chegaram aos respectivos apartamentos a Ana correu á casa de banho, estava decidida a pôr-se o mais bonita e bem disposta possível, e para isso o primeiro passo era tomar um banho...Depois de uma hora e meia de volta do espelho, estava finalmente pronta, há mas ainda faltava um pormenor, o perfume, ia utilizar o preferido do Mário, e depois de algumas gotas daquela essência maravilhosa lá saiu de casa. Foi quando se deteve por momentos a olhar para o relógio que se apercebeu que estava mesmo em cima da hora, mas pelos vistos não era a única, quando se virou para fechar a sua porta ouviu a porta do Mário a abrir-se e virou-se para ele, queria meter-se com ele e dizer-lhe que já estava atrasado, mas quando ia abrir a boca, voltou a fecha-la rapidamente. O Mário estava muitíssimo giro, á muito tempo que não o via assim, nem sequer conseguia compreender porque é que o estava a achar tão diferente, já o tinha visto montes de vezes com a mesma roupa, mas naquele instante pareceu-lhe absolutamente maravilhoso. O que é que se passava? Estaria a apaixonar-se cada vez mais pelo Mário sem se dar conta? Não podia ser, já tinha sofrido tanto por causa dele, não podia, simplesmente não podia deixar que o seu coração fosse mais forte, tinha que combater o sentimento com todas as forças que tinha. Mas uma veiazinha de ciúmes já lhe começava a rebentar e desatou logo a dizer, quase inconscientemente:- Bem, Bem! Vejam só! Tanta produção...Não me digas que também trouxesste a namorada para jantar? Não melhor, isso é tudo para a Susana?? Devias ter vergonha, Mário. Ela é a namorado do teu melhor amigo.- Oh Ana não sejas parva, achas que alguma vez eu ia tentar engatar a miúda do Daniel? Queria era ter trazido uma miúda mas não foi preciso convidá-la. Entramos?Aquela resposta irritou a Ana profundamente, além de não a ter percebido muito bem, o Mário também não tinha respondido á provocação e isso era algo que acontecia cada vez com mais frequência. Houve um tempo em que estavam sempre a mandar bocas um ao outro mas infelizmente esse tempo já fazia parte do passado, e com ele tinha desaparecido qualquer tipo de interesse que o Mário podia ter tido pela Ana, ela sabia-o, mas apesar disso ia tentar conquista-lo por uma ultima vez. Se não conseguisse desistia dele para sempre.- Olá... Miúda?? Estás a ouvir o que te estou a dizer?- Impacientava-se o Mário que queria entrar em casa do Daniel, mas a Ana não parecia dar sinais de estar o ouvi-lo, mas de repente:- Sim estou a ouvir, vá vamos entrar. E vê lá se não me chames miúda, sabes perfeitamente que eu odeio...- dito isto abriram a porta e entraram no apartamento do Daniel onde já eram esperados por uma deliciosa refeição e pelo novo casalinho, que trocava olhares apaixonados na sala. A noite foi muito agradável, e por entre as conversas transpareceu a simpatia que tanto a Ana como o Mário sentiram imediatamente pela Susana, foi possível perceber também a felicidade do Daniel que não parava de sorrir.Foi então por volta da uma da manhã que a Ana e o Mário se decidiram a sair do apartamento e deixa-los a sós:- Mário!! Não tenho sono! – aquela conversa trazia agua no bico pressentia-o Mário.- Mau, fofinha!! Não me digas que andas outra vez com medo de dormir sozinha. Queres que vá dormir para o teu sofá? – Quando queria, o Mário consegui ser um amor. Desde que tinha ido ambos para o Algarve ele sempre fizera questão de proteger, tal como uma filha, a Ana. E apesar de o sofá lhe partir as costas, tinha lá dormido inúmeras noites, porque desde que se mudaram para a casa nova e ficaram os dois sozinhos a Ana tinha dificuldades em dormir e acordava muitas vezes durante a noite com pesadelos.- Não Mário, não é isso. Queria ir passear na praia...há e não quero que voltes a dormir naquele sofá, aquilo parte-te as costas todas. Podemos ir?? Vá, não digas que não, tu tinhas prometido levar-me a passear quando eu quisesse, lembras-te? – Quando a Ana pedia tão insistentemente era quase impossível resistir-lhe e dizer que não. Ela tinha um jeitinho muito especial de pedir as coisas e conseguia quase sempre aquilo que queria.- Está bem Nana, vamos lá.Apesar de ter chovido o dia inteiro, estava uma noite fabulosa, as estrelas brilhavam e a lua estava cheia, o que por cima do mar negro fazia um efeito espectacular. A noite não estava fria e por isso descalçaram-se ambos e foram caminha na areia molhada mesmo juntinho ao rebentar das ondas.- Sabes Mário, desde os nosso tempos de faculdade que eu sou completamente apaixonado por ti. Mas tu pelo contrario, nunca me ligas-te nenhuma. Acho que perdi a conta ás noites em que adormecia a chorar porque tu não gostavas de mim como eu de ti. – Era a ultima tentativa que a Ana ia fazer para conquistar o coração de Mário mas pela cara que ele fizera ao ouvir estas palavras parecia ser mais uma tentativa condenada ao insucesso.- Ana! – Gemeu o Mário um tanto ou quanto desesperado para lhe dizer qualquer coisa que teimava em não sair. Mas ou ver a expressão de desespero na cara dele a Ana apressou-se a atalhar:- Tudo bem, tem calma...- Mas Ana... – interrompeu-a ele, uma vez mais tentando arrancar algo, das profundezas do seu ser, algo que guardava havia muito tempo, mas que mais uma vez teimava em não querer ser desenterrado.- Mário, não faz mal, já percebi que nunca vais ser capaz de sentir aquilo que eu sinto por ti. E eu, não posso, nem quero obrigar-te a sentir algo. O que eu quero mesmo, do fundo do coração, acredita, é que tu sejas muito feliz. E se não consegues encontrar a felicidade junto de mim, não posso fazer nada. Quanto a mim, não te preocupes, eu cá me arranjo, tenho a certeza, que um dia vou encontrar alguém tão maravilhoso como tu que me faça feliz...E dita esta frase a Ana desatou a correr pela praia, o Mário ainda estático, e preso ao chão, devido ao que acabara de ouvir, foi incapaz de se mover ficando apenas a contemplar a amiga a afastar-se. De repente ela deteve-se por momentos, voltou-se para trás e disse:- Amo-te, Mário- desatou a correr e não voltou a parar até chegar a casa, talvez por medo, por dor, ou por despeito talvez, não sabia, só queria dormir, dormir, dormir...