segunda-feira, 12 de maio de 2008

O Pincipezinho

“Nunca lhe devia ter dado ouvidos. Nunca se deve dar ouvidos ás flores. Deve-se é olhar para elas e cheirá-las. A minha, perfumava-me o planeta todo, mas eu não sabia dar valor a isso. E aquela fanfarronice das garras, que me irritou tanto, devia era ter-me enternecido… (…) Não fui capaz de entender nada. Devia tê-la avaliado não pelas palavras e sim pelos actos. Ela perfumava-me e dava-me luz! Eu nunca devia ter fugido! Devia ter sido capaz de adivinhar toda a ternura escondida por detrás daquelas manhas. As flores são tão contraditórias! Mas eu era novo demais para saber gostar dela. (…) No dia da partida, quis deixar tudo em ordem e passou a manha a cuidar do planeta. (…)
Com uma ponta de melancolia, o principezinho ainda foi arrancar os últimos rebentos de embondeiro. Não tencionava voltar. Todas aquelas tarefas tão familiares, lhe pareciam perfeitamente deliciosas nessa manhã. E quando estava a regar a flor pela ultima vez e se preparava para cobri-la com a redoma, sentiu uma grande vontade de chorar.
- Adeus – disse para a flor.
Mas ela não lhe respondeu.
- Adeus – repetiu o principezinho.
A flor tossiu. Mas não era por causa da constipação.
- Fui muito parva – acabou por dizer. – Desculpa. Tenta ser feliz.
Ficou espantado por ela não se por com recriminações. E para ali se deixou ficar, totalmente desconcertado, de redoma no ar. Não conseguia entender aquela mansidão, aquela calma.
- Porquê essa admiração? È obvio que eu gosto de ti – disse a flor. – Por culpa minha nunca o soubeste. Mas, hoje, isso já não tem importância nenhuma. Olha, tu também foste tão parvo como eu. Agora, tenta ser feliz… E deixa essa redoma em paz. Não preciso dela.”

In O Principezinho

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